A terceira idade invade a internet
Contas em redes sociais como Facebook e Instagram e longas conversas em aplicativos como WhatsApp e Messenger. Horas gastas navegando em sites de pesquisas e notícias, baixando músicas, acessando a internet para fazer compras ou pagar contas. O perfil acima poderia ser atribuído facilmente a qualquer adolescente, mas hoje esta realidade já faz parte da rotina de muitos idosos. Eles invadiram a rede e estão cada vez mais conectados às novas tecnologias – seja através de curso em escolas especializadas, ou simplesmente através da ajuda de filhos e netos, o que se percebe é que a internet tem dado uma nova vida à essa parcela da população.
De acordo com a mais recente Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), divulgada em 2013 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 5,6 milhões de pessoas acima de 50 anos entraram no mundo virtual de 2011 a 2013, o que representa um crescimento de 222,3%.
Essa multidão que invade a web tem seus objetivos e o principal deles é aumentar suas relações sociais e a ocupação no dia a dia. Seja por meio de redes sociais, salas de bate-papo ou blogs com espaço para comentários, o que eles querem é interagir e reduzir a sensação de solidão.
Namorada
Foram esses os motivos que levaram o aposentado Natal Moreira, de 53 anos, a entrar no mundo virtual. Cansado de “não fazer nada”, ele buscou um curso de informática para aprender a usar o computador. Através dos conhecimentos obtidos nas duas aulas semanais que frequenta, Natal passou a navegar na internet e em programas básicos de computador. “Posso dizer que minha vida mudou totalmente. Acredita que eu até encontrei uma namorada pela internet? Conheci ela no Facebook e depois marcamos um encontro pessoalmente”, conta ele, entre risos de felicidade. Natal confessa também que, às vezes, acaba “se passando” nos horários. “Vou dormir às duas da manhã, porque fico conversando com minha namorada e com os amigos”, confessa.
Já Cenira David, também aposentada, de 59 anos, afirma que não sabia nem ligar um computador e que também através do auxílio do curso hoje consegue acompanhar as informações das suas novelas preferidas, conferir novas receitas de comida e as notícias mais recentes. “Eu sempre ficava ocupada fazendo as tarefas do dia a dia dentro de casa e não me preocupava em aprender coisas novas. Eu via as pessoas mexendo no computador e celular e ficava imaginando que nunca conseguiria. Quando vi um anúncio do curso de informática para a terceira idade não pensei duas vezes: liguei e me inscrevi. Pensei que finalmente tinha chegado minha vez de aprender”, relata.
Para ajudar no trabalho
José e Inês Benatti, de 59 e 53 anos, respectivamente, usam a internet para muito mais do que entretenimento. O casal adquiriu recentemente uma máquina que confecciona canecas, chinelos, camisetas, entre outros objetos personalizados, e comercializa sob encomenda e em feiras como o Brique da Praça. “Com a internet, a gente busca novas ideias, inspirações e modelos de novos negócios. Além disso, a gente divulga nossos produtos nas redes sociais. Já conseguimos boas encomendas pelo Facebook”, comemora José.
Inês relembra que foi estimulada pelo marido a entrar no mundo da tecnologia. “Eu tinha medo de chegar perto desses equipamentos”, diz, aos risos. “Então, resolvemos fazer um curso juntos. Graças à paciência e as explicações minuciosas da professora, hoje estou craque! Até reencontrei muitas amigas de trabalho que, graças à internet, retomamos o contato. Estou muito feliz”, afirma.
Metodologia ajuda no ensinamento
A Escola Infoserv é a pioneira na oferta do curso para a terceira idade em Bento Gonçalves. De acordo com a professora Lucimara Predebon Scarton, durante as aulas os idosos aprendem a trabalhar no sistema operacional Windows, utilizar programas de texto como o Word e acessar a internet para poder conectar via Facebook ou e-mail, por exemplo. São 60 horas, cerca de quatro meses de ensino, com turmas reduzidas. “São no máximo seis alunos por turma, justamente para que a gente possa dar a atenção que cada um merece. Acreditamos que todos têm a capacidade de aprender, repetimos quantas vezes forem necessárias até que eles aprendam. No final, eles ficam muito satisfeitos”, garante Lucimara. Pensando neste público que não para de crescer, a escola ampliou a oferta de cursos para a terceira idade.
Reportagem: Raquel Konrad
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