As propostas para o trânsito de Bento
Os problemas enfrentados em Bento Gonçalves devido às ruas não planejadas para o grande fluxo de veículos podem ter solução. As propostas de curto, médio e longo prazo para o trânsito no município foram apresentadas à população na semana passada, durante a última audiência pública do Plano Municipal de Mobilidade Urbana (PlanMob). O estudo conseguiu pensar em maneiras de contornar os problemas existentes, como a topografia e a malha viária não conectada, e transformá-los em potencialidades. Segundo o secretário de Gestão Integrada e Mobilidade Urbana, Mauro Moro, a análise reúne intervenções sonhadas há alguns anos e que podem se tornar realidade. “Por que não um túnel aqui em Bento, se é feito em vários lugares do mundo?”, questiona. “É preciso trabalhar com planejamento e com foco para melhorar a qualidade de vida da população”, complementa.
Bento Gonçalves tem a maior taxa de motorização do Rio Grande do Sul, com média de um carro para cada 1,5 habitante. De 2007 a 2015, o crescimento da frota foi de 32,2%. A intenção agora é privilegiar os modais não motorizados, como pedestres e ciclistas, seguidos do transporte coletivo, e tendo os carros e caminhões como os últimos da lista.
Com prazo de conclusão programado para novembro, o PlanMob apontará diretrizes para os próximos 20 anos. O processo é constituído de sete etapas: levantamento e análise de dados, leitura técnica, leitura comunitária, proposições e diretrizes, propostas, elaboração de minuta de projeto de lei e aprovação de projeto de lei. “Isso dará foco para os próximos gestores e também auxiliará na captação de recursos para execução das obras necessárias”, destaca Moro.
As propostas apresentadas são resultado de oito meses de trabalho da Plural Consultoria em Planejamento Territorial – empresa contratada através de licitação. A elaboração do plano levou em conta também estudos realizados pelo município e pelas entidades desde 1998. De acordo com a arquiteta urbanista Izabele Colusso, diretora da Plural, o PlanMob está se encaminhando para uma finalização tranquila. Sua elaboração atende à legislação federal que prevê que cidades com mais de 20 mil habitantes apresentem, até 2015, seus planos de mobilidade urbana.
Izabele explica que o plano não traz projetos específicos, apenas aponta caminhos que podem ser adotados pelo Poder Público. Um dos exemplos diz respeito aos mais de 80 cruzamentos intensos sinalizados em que o estudo sugere a adoção de algumas medidas para evitar acidentes. As possíveis soluções incluem a colocação das tradicionais placas de “Pare”, sinalização semafórica, canalização de movimentos (especialmente para dobra à direita segregada) ou separação de fluxo em níveis diferentes com viadutos. Confira a seguir algumas das propostas apresentadas pela empresa.
Via Perimetral Urbana
Ligação de vias existentes e projetadas (em vermelho no mapa 1), correspondendo às principais articulações perimetrais à área urbanizada. Marca o limite indicado para a malha urbana. Um dos objetivos é fazer com que o fluxo de caminhões e transporte de carga não passe pelo Centro.
Transporte coletivo
Um dos focos do plano é o transporte coletivo. Nas audiências públicas, as demandas da população eram por um sistema mais eficiente, com diminuição dos tempos de deslocamento e do custo do serviço. A proposta é a alteração das rotas, com diminuição do número de paradas em uma mesma rua, o que deixaria o transporte mais ágil e não oneraria as outras vias. Izabele considera esta medida bastante simples, mas muito eficiente. Para ser colocada em prática, necessita apenas da adaptação do perfil viário por onde os ônibus circulariam, adequando-se a largura das vias. No mapa 1, os traçados em laranja e amarelo correspondem às novas rotas propostas.
Avenida do Progresso
Via que ligaria a cidade no sentido Norte-Sul, seguindo o traçado já existente da ferrovia, de Tuiuty até o entroncamento das ruas Nelson Carraro e Fortaleza, na entrada do bairro Santo Antão. A intenção é integrar modais, permitindo deslocamentos a pé, de bicicleta, ônibus e também aproveitando a linha férrea com um veículo leve sobre trilhos (VLT), que faria deslocamentos de ida e volta alternando com o funcionamento da Maria Fumaça. A proposta prevê a instalação de seis terminais intermodais, com distância de 1,5km entre eles. Seriam duas estações Norte-Sul (Vitório Carraro e São Roque), três tipo parada (Cidade Alta, Tuiuty e Rodoviária) e uma Leste-Oeste (praça Vico Barbieri). As obras seriam divididas em duas fases. A primeira delas, mais simples, prevê implantação de ciclovia e pista de caminhada, o que ocuparia um espaço de 5 metros de um dos lados dos trilhos. A segunda fase engloba a implantação de duas faixas seletivas para ônibus em sentidos opostos, do outro lado dos trilhos.
Sistema Cicloviário
A topografia da cidade limita a implantação de ciclovias – mesmo assim, elas são possíveis de serem adotadas, como é o caso da avenida do Progresso. A proposta é legitimar o roteiro ciclístico já existente. Aqui, o projeto prevê tornar permanente a ciclofaixa do bairro São Bento (nas ruas Xingu, Herny Hugo Dreher, Carlos Flores e na avenida Planalto), que atualmente é permitida apenas aos domingos e feriados. O plano prevê ainda a implantação de ciclofaixas nas estradas municipais dos Caminhos de Pedra e Vale dos Vinhedos, permitindo sua utilização turística. Para isso, é preciso destinar uma faixa de 1,5m na lateral da pista de rolamento.
Pedestres
O PlanMob prevê prioridade para pedestres na área central, como é o caso do projeto já existente para alargamento das calçadas na rua Saldanha Marinho. O objetivo, segundo Izabele, é conscientizar que o Centro é lugar de pedestres, e não de carros. O estudo também propõe a adoção de um sistema de conexão entre a região da avenida Osvaldo Aranha, parte alta da cidade, e a área central, facilitando os deslocamentos dos pedestres. São dois pontos sinalizados: próximo à praça Centenário e à rua Doutor Antunes. A proposta, porém, não detalha o modelo adotado (elevador funicular, escada rolante ou teleférico), que deve ser definido no momento de elaboração do projeto para captação dos recursos.
Metas do PlanMob
– Estabilizar a taxa de motorização;
– Tornar o transporte coletivo mais eficiente;
– Diminuir o tempo de viagem nos deslocamentos de transporte coletivo (percurso, rota operante e custo da tarifa);
– Ampliar o uso do transporte cicloviário;
– Aumentar a rede de infraestrutura destinada ao transporte cicloviário;
– Ampliar a segurança viária;
– Reduzir o número de acidentes de pedestres;
– Instituir o programa de qualificação de calçadas e esquinas;
– Implementar o novo manual de calçadas.
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