CIC e prefeitos entregam pauta de reivindicações a secretário estadual de Transportes

O esperado anúncio do restauro da RS444, no Vale dos Vinhedos, não veio, mas outra importante obra para a região deve ser finalizada em três semanas: o asfaltamento das cabeceiras da ponte sobre o Rio das Antas, na ERS-431, entre Bento Gonçalves e Guaporé. As obras fazem parte do programa Restauro, uma das tantas frentes de atuação em infraestrutura do Piratini apresentadas pelo secretário Estadual dos Transportes, Pedro Westphalen, na palestra-almoço do Centro da Indústria, Comércio e Serviços de Bento Gonçalves (CIC-BG), dia 05 de outubro.

O programa é composto de 15 lotes de rodovias espalhadas pelo Estado – na região, além da ERS-431 fazem parte a ERS-448, a VRS-813 e a RSC-453 –, totalizando 700 quilômetros de obra – sendo mais de 500 quilômetros já restaurados – e um investimento de R$ 264 milhões, com recursos do Banco Mundial (Bird). Junto com o Crema – Contrato de Restauração e Manutenção de Rodovias – e alguns convênios, o Estado conseguiu avançar em termos de infraestrutura rodoviária. Segundo o governo, a organização Centro de Liderança Pública classificou o Rio Grande do Sul como o 11º Estado no quesito qualidade das rodovias neste ano, 10 posições a mais do que em 2016.


 

Mas com a produção do Estado sendo transportada quase 90% exclusivamente por rodovias, a manutenção, a conservação e o investimento em estradas tornam-se urgentes – ao todo são mais de 10 mil quilômetros de rodovias, sendo quase 7 mil quilômetros pavimentadas. O Crema Bento Gonçalves, por exemplo, ainda não tem data para sair do papel. O trecho total de 160 quilômetros necessita de finalização dos projetos, o que pode ocorrer ainda neste ano ou demorar até o próximo. “Serão concluídos quando o Estado tiver condições de fazer financiamento”, comentou Westphalen, que não gosta de estipular prazos. “Quando você faz uma opção por uma obra, deixa de fazer outras em determinadas regiões. Nós temos a característica de não criar expectativa”, disse.


Outro importante lote de obras, este dentro do Crema Serra, com 195 quilômetros de obra entre Bento e Casca, nas rodovias RSC-470 e ERS-324, Antônio Prado e Ipê, na ERS-122, e Caxias do Sul e Lageado Grande, na Rota do Sol (RSC-453), foi concluído. O investimento chegou a R$ 153 milhões.

Sobre concessões, Westphalen disse que o Rio Grande do Sul é o único Estado brasileiro a ter um marco regulatório para determinar as regras dessa modalidade de exploração privada de rodovia. “Não vai resolver o problema das estradas, mas é um modelo para que isso seja feito da melhor maneira, com investimentos, discutindo com a sociedade, sem pressa”, enumerou.


 

Westphalen também apresentou ações no setor aeroportuário, com investimentos que chegaram a R$ 1 milhão no ano passado em melhorias nos aeroportos de Caxias do Sul, Passo Fundo e Santo Ângelo. No sistema hidroportuário, com grande potencial no transporte de cargas – o RS é o segundo Estado com maior número de rios navegáveis, atrás só do Amazonas –, o secretário disse que ações como o novo terminal de madeira do porto de Pelotas e a dragagem da foz do Rio Caí ajudaram o Estado a aumentar o tráfego nas hidrovias de 3% para 5%. Já as ferrovias não andaram. O sistema de concessão com a ALL, segundo ele, foi falho, com a concessionária livre de obrigações, e não deu resultado. De 1998 para cá, 1.307 quilômetros da malha deixaram de ser operados – hoje, o Estado tem apenas 1.952 quilômetros em uso. A esperança é para 2027, quando a concessão será reavaliada.

 

Pauta de reivindicações

Diante da relevância sobre a conservação da malha rodoviária da região, o Cento da Indústria, Comércio e Serviços (CIC-BG) entregou, antes mesmo da palestra do secretário Estadual de Transportes, Pedro Westphalen, uma extensa pauta de reivindicações – veja lista abaixo.


Como apelo, o documento evoca a importância da Serra tanto como força industrial do Rio Grande do Sul – com seus polos moveleiro, vinícola e metal-mecânico –, quanto pelos seus atrativos turísticos – a partir de famosos destinos como Vale dos Vinhedos e Caminhos de Pedra. “Bento Gonçalves é uma cidade de plena vocação turística, seja ele de lazer ou de negócios, segmento que se constitui em um importante fomentador da geração de renda, emprego e desenvolvimento econômico para toda a região. Por esse motivo, entendemos como fundamental a necessidade de oferecer excelentes condições de infraestrutura para sua promoção”, manifestou o presidente do CIC, Laudir Piccoli.

 

O que foi solicitado

* Pavimentação da estrada do Vale Aurora, no Distrito de Faria Lemos.

* Recapeamento da RS 444 no Vale dos Vinhedos.


* Ciclovia no Vale dos Vinhedos.

* Recapeamento da estrada do Barracão e VRS-805, acesso a Pinto Bandeira.

* Duplicação da RS 453, entre Bento Gonçalves – Farroupilha.

* Melhorias no trevo entre a R$ 453 e RS 444 acesso a Bento Gonçalves pela Sertorina.

* Convênio para repasse de equipamentos para o aeródromo municipal.

 

Prefeito critica falta de repasse para saúde

O prefeito de Bento Gonçalves, Guilherme Pasin, aproveitou a presença do secretário Estadual dos Transportes, Pedro Westphalen, para criticar a postura adotada pelo Piratini em cortar os repasses à saúde, uma ação que taxou de “desrespeitosa”. “Por favor, transmita ao governador José Ivo Sartori que não deixe o secretário da Saúde (João Gabbardo dos Reis) tratar a saúde de forma desrespeitosa. Saúde não é brincadeira”, disse Pasin.


 

A crítica foi feita após o anúncio de que o Estado não fará repasses a hospitais e municípios, nem mesmo os que ajuizaram ações na Justiça. Os pagamentos só devem ocorrer após a quitação da folha de pagamento do funcionalismo estadual, quando novos recursos começam a entrar no caixa do Tesouro. “Não podemos penalizar os municípios que prestam atendimento, os hospitais que salvam vidas, por causa de problemas de gestão. Não se resolve um problema criando outro”, continuou.