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Crise preocupa, mas motiva qualificação

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A queda acentuada da atividade econômica, do consumo e da renda da população, aliada às dificuldades para obtenção de crédito e aumento de taxas de juros, tem afetado diretamente as empresas da região e deixado os trabalhadores em estado de alerta. Os reflexos da crise econômica que atinge o Brasil podem ser comprovados ao analisar a diminuição dos postos de trabalho. Nos últimos três meses, os dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), divulgados pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), registram um decréscimo no total de empregos formais no município. A queda maior foi verificada em junho, correspondendo a um decréscimo de 0,7%, superior aos índices registrados no Rio Grande do Sul (-0,52%) e no Brasil (-0,27%). Apesar disso, alguns setores registraram saldo positivo no semestre como a da construção civil e de serviços, com criação de 177 e 317 postos de trabalho, respectivamente.

Setor moveleiro

Um dos setores bastante afetados foi o da indústria moveleira do polo de Bento Gonçalves. No primeiro semestre de 2015, foram fechados 459 empregos diretos – queda de 5,5% em relação ao número de empregos no início do ano. O polo é composto pelos municípios de Bento Gonçalves, Santa Tereza, Monte Belo do Sul e Pinto Bandeira. O mau desempenho é uma continuação do saldo negativo de 667 empregos verificado em 2014. Com isso, desde o início de 2014, o polo moveleiro perdeu 1.126 empregos, 12,5% da força de trabalho.

O presidente do Sindicato das Indústrias do Mobiliário de Bento Gonçalves (Sindmóveis), Henrique Tecchio, ressalta que a maioria das empresas já utilizou todas as medidas cabíveis para evitar as demissões, como banco de horas, férias coletivas de até 20 dias no período do Carnaval e compensação pelos dias 31. “O empresário chegou a um ponto de encruzilhada. Ou as empresas reduzem a mão de obra para sobreviver ou entram com pedido de recuperação judicial”, lamenta.

A expectativa é que a situação melhore no segundo semestre, período em que a demanda do setor costuma aumentar. “Segundo os economistas, a retomada vai acontecer somente no final de 2016. Temos que tentar salvar as empresas neste período complicado para que no próximo ano possamos retomar os níveis de crescimento”, avalia.

As medidas compensatórias adotadas pelas empresas muitas vezes geram temor entre os trabalhadores. De acordo com um funcionário de uma indústria de móveis, que prefere não ser identificado, há cerca de dois meses a jornada de trabalho foi reduzida de cinco para três dias por semana. “Nós não estamos trabalhando nem nas segundas e nem nas sextas-feiras. Além disso, pelo menos vinte colegas já foram demitidos e outros tantos estão em férias. Estamos todos apreensivos com o que pode acontecer”, revela.

Embora as demissões do setor moveleiro tenham sido mais acentuadas no mês de junho, o presidente do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias da Construção e do Mobiliário de Bento Gonçalves (Sitracom BG) Itajiba Soares Lopes, considera que a situação ainda não é preocupante. Segundo ele, muitas empresas estão demitindo os trabalhadores com maiores salários e contratando funcionários com menos qualificação. “Segundo levantamentos dos anos anteriores, a média de demissões vem se mantendo. A crise é mais política”, pontua.

 

Metalmecânico

Entre as empresas do setor metalmecânico a crise também preocupa, embora os dados ainda não sejam considerados alarmantes, conforme o presidente do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e de Material Elétrico de Bento Gonçalves (Stimmme), Elvio de Lima. Segundo dados do Caged, de janeiro a junho de 2015 foram fechados 167 postos de trabalho nas indústrias do ramo, situação diferente do mesmo período do ano anterior, quando o saldo era positivo, com criação de 88 empregos. A maior variação foi em relação à indústria mecânica. No primeiro semestre de 2014 foram criados 80 postos de trabalho, mesmo número dos postos fechados no primeiro semestre deste ano. Segundo Lima, a entidade tem acompanhado a rotina de muitas empresas do setor e entende os impactos que o atual momento de retração econômica exerce sobre suas práticas. Apesar disso, de maneira geral as empresas estão conseguindo se manter, adotando medidas semelhantes às companhias do setor moveleiro.

Programa de Proteção ao Emprego

Entre as medidas adotadas pelo governo federal para evitar o aumento do desemprego, está o Programa de Proteção ao Emprego, cuja adesão das empresas iniciou na última quarta-feira, dia 22. A medida permite a redução temporária da jornada de trabalho, com diminuição em até 30% do salário do trabalhador. Na prática, o salário será reduzido em 15% porque os outros 15% serão bancados pelo governo por meio do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT).

Para aderir ao Programa, as empresas precisam estar dentro do chamado Indicador Líquido de Emprego. O dado é calculado com base na razão da geração corrente de empregos, ou seja: a diferença entre o número de admissões e demissões nos 12 meses anteriores à solicitação dividida pelo estoque de empregos registrado no 13º mês anterior à adesão ao programa. Esse resultado é multiplicado por 100 e não deve ultrapassar 1%. Caso não seja aprovada de acordo com o índice, a requerente poderá encaminhar informações adicionais para reavaliar a sua elegibilidade.

Tanto empresários como sindicalistas ainda analisam a medida. Para Lima, considerando esse cenário de cautela, a medida é favorável por socorrer empresas que passam por dificuldades econômicas, evitando maiores prejuízos ao trabalhador ou o não cumprimento de seus direitos. “Não é a solução, mas vai ajudar. Sempre que ocorrem demissões em períodos de desaquecimento, o profissional tem mais dificuldade de recolocação no mercado, visto que a oferta de mão de obra supera a procura”, comenta. Um dos pontos de dúvida é se após encerramento do período do acordo de jornada reduzida o acesso ao seguro-desemprego será mantido.

Capacitação pode ser decisiva para manter emprego

No momento de retração da economia, a qualificação do profissional é um elemento decisivo para manter seu posto na empresa ou até mesmo para buscar uma nova oportunidade no mercado de trabalho. Com a ideia de preparar trabalhadores para o setor, o Stimmme mantém há cinco anos o Centro Profissionalizante do Setor Metalmecânico e Material Elétrico de Bento Gonçalves (Cepromec-BG), que oferece 13 opções de cursos na área.

Ederson de Conto Conrad, morador de São Valentim do Sul, optou por trabalhar em Bento Gonçalves há três anos, devido às melhores remunerações oferecidas no município. “Os primeiros meses foram difíceis, pensei em voltar para lá, mas depois que me qualifiquei melhorou muito”, conta o programador CNC da Projepack. Desde que iniciou na empresa, que produz maquinário para embalagem, o jovem de 22 anos foi promovido três vezes após fazer três cursos pelo Cepromec. “Pretendo fazer outros futuramente”, prevê.

Aos 19 anos de idade, Matheus Carlos Mello viu na capacitação uma oportunidade de crescimento no primeiro emprego. Sem nenhuma experiência, fez cursos de Solda MIG, LID, Metrologia e Torneiro Fresador, após os quais logo foi chamado para preencher uma vaga na Vinox, fabricante de equipamentos de envase. “Recomendo para quem é jovem e já quer começar com um bom cargo”, completa Mello.

O coordenador do Cepromec, Denis Braun, concorda que a qualificação é o maior diferencial para manter-se no mercado de trabalho. “Acaba perdendo o cargo quem não buscou especialização. E quem tem conhecimento e é demitido, acaba conseguindo outra opção logo”, ele avalia. “Para a empresa, contratar um trabalhador capacitado é um investimento vantajoso, com reflexo imediato processo produtivo”, acrescenta Braun.

Desde em 2010, o Cepromec-BG já formou mais de 1500 profissionais. Em agosto serão abertos cursos de Solda TIG, Solda MIG, Torneiro Fresador e Comandos Elétricos e Motores. Interessados de empresas associadas ao Stimmme podem ter mais informações pelo telefone (54) 3452 0610. 

 

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