Deputados e autoridades buscam solução para altos valores de pedágios previstos para a Serra

No fim da manhã desta terça-feira, 19/04, foi realizada uma reunião com os líderes de bancada na expectativa de juntar forças para barrar a assinatura do contrato com a concessionária vencedora de leilão

Foto: Eduarda Bucco/SERRANOSSA

*Matéria atualizada às 15h do dia 19/04

Uma reunião com líderes das bancadas dos partidos da Assembleia Legislativa do RS e autoridades da região da Serra Gaúcha e do Vale do Caí foi realizada na manhã desta terça-feira, 19/04. O encontro foi proposto pelo presidente da Assembleia, deputado Valdeci Oliveira (PT). O objetivo foi debater alternativas para os altos valores dos seis pedágios previstos no bloco 3 do Plano de Concessões do governo Estadual. Com um desconto de 1,3% oferecido pelo consórcio vencedor do leilão na semana passada, os preços ficaram entre R$ 6,85 e R$ 9,83. Uma viagem entre Bento Gonçalves e Porto Alegre, por exemplo, custaria cerca de R$ 35, ida e volta.


Além dos valores elevados, as principais críticas dizem respeito à concorrência de apenas uma empresa no leilão, ao baixo valor apresentado no deságio (desconto de 1,3%), à falta de diálogo com o governo do Estado e ao momento inoportuno em que teria sido realizado o leilão – diante da crise financeira instaurada em todo o mundo.

A reunião contou com a presença do presidente do CICS Serra e vice-presidente da Serra da Federação de Entidades Empresariais do Rio Grande Sul (Federasul), Elton Paulo Gialdi, do prefeito de São Sebastião do Caí, Júlio Campani (PSDB), do prefeito de Bom Princípio, Fábio Persch (PSDB) e do prefeito de Feliz, Junior Freiberger (PSD). Também estiveram presentes vice-prefeitos, ex-prefeitos, vereadores e demais autoridades de cidades como Portão, Bom Princípio, Feliz, Montenegro e Capela de Santana.

“Ninguém é contra pedágio, ninguém é contra as concessões. O Governo do Estado é ineficaz na gestão das rodovias, um exemplo é a situação da ERS-122. Agora, aquele grande discurso do Governo de que quanto mais participantes nos tivéssemos [no leilão] menor seria a tarifa não se concretizou. Apenas uma empresa participou e apresentou esse deságio de 1,3%, que é praticamente nada”, disse o prefeito de São Sebastião do Caí, Júlio Campani.

“Esse leilão, como esperado, não atingiu as expectativas e os objetivos nem do próprio governo, nem dos usuários. Nós entendemos que esse modelo de concessão acabou não atraindo concessionárias tradicionais, sendo eleita somente uma empresa para participar do leilão. E essa empresa propôs um desconto insignificante, portando as tarifas de pedágio serão 60% mais caras do que outras regiões do nosso estado”, compara Gialdi. “Entendemos que as obras da Serra são mais complexas e podem encarecer ‘um pouco mais’ as tarifas, mas esse ‘um pouco mais’ tem que ser em torno de 10% a 20%, no máximo. Não pode alcançar índices superiores a 60% das demais regiões”, complementa.

Durante o encontro, os deputados participantes também teriam se mostrado descontentes com os valores dos pedágios. Agora, o presidente da Assembleia Valdeci Oliveira (PT) deverá se reunir com o governador do RS Ranolfo Vieira Júnior na quarta-feira, 20/04, a fim de solicitar uma reunião com representantes das regiões para tratar sobre o assunto. “Está previsto no edital a possibilidade de não assinar o contrato caso o Governo entenda que não se atingiu as expectativas adequadas. Estamos tentando salvar o Estado dos próximos 30 anos em termos de tarifas muito elevadas, acima do padrão normal do Estado e também do Brasil”, ressalta Gialdi.


Prefeito de Bento se reúne com secretário

Também na terça-feira, 19/04, o prefeito Diogo Segabinazzi Siqueira esteve reunido com o secretário extraordinário de Parcerias do Estado, Leonardo Busatto, para tratar sobre as concessões. “As nossas rodovias são importantes para o escoamento da produção e também para o turismo. Precisamos de uma malha viária à altura da Serra. O esperado era uma diminuição do preço lançado no edital, o momento é de buscar soluções conjuntas para que consigamos reduzir o custo das tarifas, seja com aportes do estado ou ainda com um reestudo das demandas”, disse o prefeito.