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IFRS se manifesta após Câmara de Vereadores aprovar moção de apoio ao retorno das aulas presenciais

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A falta de uma data para o retorno das aulas presenciais no Instituto Federal do Rio Grande do Sul (IFRS) – Campus Bento Gonçalves tem sido assunto recorrente e motivo de críticas por parte dos vereadores nas sessões legislativas. Na última segunda-feira, 26/07, foi aprovada por unanimidade uma “moção de apoio aos alunos, pais, professores e colaboradores do IFRS, à reitoria e Campus Bento Gonçalves, que clamam pelo retorno às aulas presenciais”.

O texto da moção, de autoria da Câmara, aponta oito motivações para o retorno, entre elas prejuízos cognitivos, emocionais, físicos e psicológicos aos estudantes. A moção ainda destaca que todas as demais atividades retornaram ao trabalho presencial e/ou híbrido, com exceção do IFRS, que a Secretaria Municipal de Educação e a Coordenadoria Estadual de Educação já retornaram às aulas presenciais em Bento Gonçalves, que os professores já foram imunizados e que o Ministro da Educação defende o retorno presencial. 


 

Em nota enviada ao SERRANOSSA, a diretora-geral em exercício do IFRS de Bento Gonçalves, Raquel Fronza Scotton, destaca que a instituição está constantemente avaliando o cenário da pandemia e, assim como todas as intuições federais de ensino superior públicas do Estado, segue momentaneamente com o ensino remoto. “O Conselho Supereior (Consup) é o órgão máximo no âmbito da Instituição, atuando com caráter consultivo e deliberativo e sendo responsável pelas decisões a respeito do cotidiano e dos rumos institucionais”, esclarece Raquel. Fazem parte do Consup representantes dos estudantes, dos docentes e dos técnicos-administrativos em educação dos 17 campi do instituto, além de servidores da reitoria, da sociedade civil, Ministério da Educação, diretores-gerais, presidente e reitor do IFRS. No próximo dia 18/08 uma sessão ordinária do conselho do campus irá tratar sobre o “fluxo de solicitações de atividades práticas presenciais”. 

De acordo com a diretora-geral, o IFRS vem deliberando sobre a forma como as atividades devem ser realizadas, tendo como princípio “a segurança e a saúde integral de seus servidores e estudantes”. Neste processo, ela comenta que a disponibilidade de orçamento para conseguir adotar todos os protocolos de segurança ao retorno presencial é uma preocupação, tendo em vista os cortes e bloqueios do Governo Federal. “Esperamos que esta situação seja revertida no decorrer do ano”, comenta.

Outro ponto contestado é em relação à vacinação. Para a direção, muitos profissionais da educação ainda não receberam sua segunda dose e os estudantes, em sua grande maioria, não foram imunizados nem mesmo com a primeira dose. Para possibilitar que estudantes consigam acompanhar as atividades de forma on-line, o IFRS promoveu diferentes iniciativas. “Emprestamos tablets e disponibilizamos chips com pacotes de dados de internet”, garante a diretora.

Gabriel Stella, presidente da União dos Estudantes Secundaristas de Bento Gonçalves (UESB), que em setembro do ano passado se posicionou contra, hoje entende que é necessário o retorno das aulas presenciais . “Sabemos que a vacinação aos estudantes é algo fora da nossa realidade no momento, já que a maioria das vacinas disponíveis podem ser aplicadas apenas a partir dos 18 anos. Porém os professores, muitos com comorbidades, foram nossa prioridade para garantirmos a proteção. E um retorno presencial é imprescindível, já que as perdas que tivemos em nossa educação são imensuráveis”, comenta. “Nós repudiamos a negligência completa do IFRS ao não estabelecer um calendário adequado de retorno as aulas. Achamos inconcebível que, enquanto escolas estaduais e municipais, que possuem uma estrutura física e financeira muito menor, já tenham retomado as aulas mesmo que parcialmente, uma escola de nível federal e com uma grande estrutura não adote um protocolo para este retorno”, opina.

POLÊMICA POLÍTICA
A moção aprovada na Câmara também destaca “preocupação pela manifestação de ódio do Diretor de Ensino Tiago Martins da Silva Goulart ao Presidente da República Jair Messias Bolsonaro”. Uma postagem nas redes sociais do educador do IFRS foi anexada no projeto e repercutiu entre os edis. Para o vereador Eduardo Pompermayer, a educação não tem que ter lado e não pode ser motivo de briga política. “Só peço que se pensem nos alunos e nas famílias”, pontuou.

Já Anderson Zanella afirma que a manifestação do educador demonstra o “aparelhamento político de algumas instituições e sindicatos”. “Ao expressar o ódio a autoridade maior deste país, ele demostra sua parcialidade e falta de respeito e consideração pela instituição que ele representa, que paga seus salários.”, disse Zanella. 

O presidente da Câmara, Rafael Pasqualotto, criticou a postagem do professor. “E se um professor tivesse recebido uma manifestação destas? É aquele negócio: liberdade de expressão é só quando me interessa. Por isso eu sou contra a ideologia partidária e de gênero . O professor tem que ser respeitado acima de tudo e de todos dentro da sala de aula, mas desde que ministre o assunto que foi contrato”, falou.

A diretora do IFRS, Raquel Fronza Scotton, defende que a manifestação do servidor do IFRS citada na moção é uma opinião pessoal e que foi realizada em rede social também pessoal. O SERRANOSSA tentou contato com o Tiago Martins da Silva Goulart, mas não obteve retorno dos questionamentos.

A professora de física do IFRS, Camila Debom, defende o colega. “É uma questão básica de liberdade de expressão. Todo cidadão tem o direito de se manifestar sobre política. Vivemos (ainda) em uma democracia. As postagens em redes sociais pessoais dos servidores não deveriam causar qualquer preocupação aos vereadores. Somos cidadãos e temos este direito. E eu não me recordo de haver toda essa preocupação em macular a reputação do presidente por meio das críticas quando a presidenta Dilma virou adesivo de pernas abertas nos carros. Ali podia?”, questiona.