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Mesmo com números em queda, autoridades da saúde de Bento não descartam novo agravamento da pandemia

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Em novembro, houve redução de cerca de 90% no número de óbitos e de 83% no número de novos casos em relação ao pico no município, em março e abril. Avanço na vacinação é esperança para o fim da pandemia em 2022

Foto: Eduarda Bucco/SERRANOSSA

Na terça-feira, 14/12, Bento Gonçalves comemorou um feito inédito: pela primeira vez desde abril de 2020 não havia ninguém internado em UTI pela COVID-19. Além da redução das internações, o município tem registrado baixas gradativas no número de óbitos e novos casos nos últimos meses, a partir do avanço da vacinação. Em novembro, as quatro mortes registradas representaram uma diminuição de cerca de 90% em relação ao pico de óbitos em março, quando 51 vidas foram perdidas para o vírus. Também em novembro, houve uma redução de 83% no número de novos casos – 408 registros contra 2.388 em abril deste ano, período com maior número de casos desde o início da pandemia. E neste mês de dezembro a tendência também é de baixa. Até a quinta-feira, 16/12, quando foi feito este balanço, duas mortes haviam sido registradas e 136 novos casos.

Mesmo com um total de 22.985 casos confirmados e 403 óbitos desde o início da pandemia, a secretária de Saúde de Bento, Tatiane Fiorio, comemora as estratégias e os esforços do município que evitaram números ainda maiores. “Nós conseguimos reorganizar rapidamente os serviços, a estrutura e as equipes. Tivemos que fechar as unidades de saúde para realocar o pessoal, mas assim conseguimos dar conta de todos os pacientes que precisaram de atendimento”, recorda. Essa realocação foi crucial, na visão da secretária, para absorver a demanda surgida com o colapso do Tacchini – em duas ocasiões, a estrutura do hospital não pôde receber novos pacientes. “O prefeito [Diogo Siqueira] sempre falava que ninguém iria ficar sem atendimento e isso nós conseguimos cumprir”.

Ainda conforme a secretária, outra estratégia importante em Bento foram as testagens em bairros. “Conseguimos mapear as áreas do município onde tínhamos prevalência maior, para que pudéssemos focar nesses pacientes, fazer ações de divulgação, acompanhamento e blitze de orientação. Todas essas ações foram possíveis a partir do trabalho de várias secretarias, não somente da Saúde”, analisa. “Quando a situação começou a complicar, todos foram muito parceiros para fechar escala, montar equipes e agilizar o processo de aquisição de medicamentos”, complementa.

No Hospital Tacchini, a infectologista e diretora técnica Nicole Golin recorda que, com o auxílio das medidas restritivas, foi possível atrasar a chegada da primeira onda na região e estruturar melhor as equipes e estruturas de saúde. Mesmo assim, ela recorda que a segunda onda, no início deste ano, talvez tenha sido o mesmo mais difícil de toda a pandemia. “Mesmo com 45 leitos de UTI Adulto [ampliação feita já em função da pandemia e que, em dado momento, chegou a 50 leitos], redefinimos equipes e estrutura para conseguir atender até 72 pacientes críticos simultaneamente”, relembra. “E apesar de todas as dificuldades, tenho orgulho de lembrar que nenhum paciente que procurou as estruturas do Tacchini ficou sem atendimento”, afirma.

Ainda no âmbito do Tacchini, Nicole ressalta medidas importantes que foram adotadas para controlar as infecções, como o rigor no uso dos EPIs. Já em relação aos cuidados com os pacientes, a infectologista frisa a criação de uma unidade exclusiva para o tratamento com o Catéter Nasal de Alto Fluxo (CNAF), “que ajudou a evitar a intubação de pouco mais da metade dos pacientes que utilizaram essa tecnologia”. Diante desse cenário, a diretora técnica afirma que o principal legado que a pandemia já deixou é a flexibilização na operação. “Se antes da pandemia demorávamos vários dias para acionar cinco leitos de UTI adicionais, hoje fazemos isso em 48 horas. Foi uma mudança cultural dos profissionais envolvidos”, analisa.

Óbitos de pacientes com a COVID-19 em Bento

Fonte: boletins diários do Comitê de Atenção ao Coronavírus

O futuro da pandemia

Desde julho, a queda constante no número de casos graves de COVID-19 tem oportunizado a flexibilização de uma série de protocolos a nível federal, estadual e municipal. Mas os novos picos que vêm sendo registrados em diferentes lugares do mundo já estão servindo de alerta para uma possível nova onda. “As características de contaminação do vírus, as dificuldades de vacinação em algumas partes do mundo e até mesmo a falta de cuidados básicos ainda é problema em determinadas regiões”, cita Nicole em relação aos fatores que têm levado a uma nova onda em alguns países da Europa e da África, por exemplo.

Mas a principal vilã que tem sido destacada na imprensa local e internacional é a variante Ômicron, que deverá se tornar dominante em curto prazo. Apesar de, a partir de estudos iniciais, a nova cepa ter se apresentado como causadora de um quadro mais leve da COVID-19, estudiosos afirmam que ela tem alto potencial de transmissibilidade. “A nível de diagnóstico, os testes PCR amplamente usados continuam a detectar a infecção, incluindo a infecção com Ômicron, como também vimos com outras variantes. Estudos estão em andamento para determinar se há algum impacto em outros tipos de testes, incluindo testes de detecção rápida de antígenos”, revela a infectologista Nicole Golin.

Na visão da médica, é impossível fazer previsões sobre a gravidade da Ômicron no momento, mas é fato que “as dificuldades de vacinação e a alta taxa de contaminação que persiste em alguns lugares do mundo podem causar o surgimento de uma variante mais agressiva, por exemplo”. “Nossa esperança é que no ano que vem possamos avançar ainda mais na vacinação e pôr um fim à pandemia. Ninguém está mais cansado do vírus que os profissionais de saúde”, reflete.

Segundo a secretária da Saúde de Bento, Tatiane Fiorio, o município tem acompanhado com cautela a quarta onda registrada em alguns países. Entretanto, os dados referentes à vacinação têm possibilitado a perspectiva de um cenário positivo para os próximos meses. “Já passamos os 90% de população com primeira dose e os 80% das pessoas com segunda dose. E também estamos com um clima favorável que nos permite deixar ambientes arejados. Estamos passando mais tempo ao ar livre e já nos habituamos a utilizar álcool em gel no nosso dia a dia. Então isso nos deixa contentes e um pouco mais tranquilos”, comenta.

Sobre as confraternizações de fim de ano, a secretária se mostra confiante em relação à responsabilidade que os moradores devem assumir para evitar grandes impactos. “A utilização de máscaras por enquanto ainda é necessária. Devemos continuar seguindo os protocolos mínimos obrigatórios, até que alcancemos a meta usual do Ministério da Saúde, que é vacinar mais de 95%”, alerta.

Para evitar novos picos, Tatiane afirma que o município segue monitorando de perto o cenário pandêmico. “Nossa estratégia é nos manter vigilantes, ampliar a campanha de vacinação e identificar o mais rápido possível os casos positivos para que possam ficar isolados. Ampliação da vacinação e isolamentos são as peças chaves”.