Principal objetivo é desviar trânsito do centro
Um novo desenho da hierarquia viária, com definição de novas ruas principais, tentando desviar o tráfego da área central a fim de desafogar o trânsito, é um dos principais objetivos do Plano de Mobilidade Urbana de Bento Gonçalves (PlanMob). “Precisamos fazer com que o Centro não vire opção de todos os fluxos”, destaca a arquiteta urbanista Izabele Colusso, diretora da Plural Consultoria em Planejamento Territorial – empresa contratada através de licitação pública para elaboração do estudo.
O PlanMob entra agora na fase de apresentação de propostas.“Precisamos pensar de fato o que vai ser necessário implementar, as mudanças que o trânsito de Bento exige”, explica ela, que considera essa fase a mais interessante.
Algumas mudanças, de acordo com Izabele, serão implementadas em modalidade de testes, para verificar a adaptação da população e analisar os resultados. Nas próximas semanas a empresa terá reuniões no município para o planejamento, incluindo observações do trânsito em algumas vias.
Mudança conceitual
Para a arquiteta, a principal alteração deverá ser conceitual, mudando o tratamento da mobilidade no município. Atualmente, se faz uma gestão de tráfego, resolvendo os problemas depois que eles aparecem. “O que se quer implantar é uma gestão de mobilidade, prevendo os problemas que podem acontecer e não apenas ‘tapar furos’”, observa a profissional. A mudança não deve ser apenas por parte dos gestores, mas passa também pela conscientização da população. “Nas audiências, pudemos observar que o automóvel ainda é o principal modal e ainda há muita resistência para mudanças”, completa Izabele.
A arquiteta considera importante o que chama de “indução da demanda”. “Devemos nos questionar o porquê de a população não usar o transporte coletivo. É por que não tem qualidade ou por que não tem opção?”, indaga. Segundo Izabele, não se pode ignorar o fato de que Bento Gonçalves possui o maior índice de veículos por habitantes no Rio Grande do Sul. “Deve-se pensar em longo prazo. Precisamos dar as condições necessárias para aproveitar o melhor de cada modal”, conclui.
Com prazo de conclusão programado para novembro, o PlanMob, que custará R$ 125 mil aos cofres municipais, apontará diretrizes para os próximos 20 anos. Sua elaboração atende à legislação federal que prevê que cidades com mais de 20 mil habitantes apresentem, até 2015, seus planos de mobilidade urbana. A intenção é sugerir novos modais de mobilidade privilegiando os não motorizados, como pedestres e ciclistas, seguidos do transporte coletivo, e tendo os carros como os últimos da lista. O trabalho da empresa até aqui inclui levantamento e análise de dados e realização de audiência pública na área urbana e rural. Ao final do estudo, o plano será transformado em lei.
Alterações no Botafogo
Com a inauguração da Unidade de Pronto Atendimento (UPA), no bairro Botafogo, algumas alterações no trânsito dos arredores serão necessárias. A secretaria de Gestão Integrada e Mobilidade Urbana ainda estuda em conjunto com a Plural Consultoria em Planejamento Territorial quais ruas terão seu sentido modificado. A intenção é implantar binários, criando vias de trânsito rápido, facilitando o acesso de ambulâncias à unidade. De acordo com o secretário Mauro Moro, a previsão é que as mudanças sejam implementadas dentro de 15 dias.
Outras alterações ainda dependem da conclusão do PlanMob. Entre as possibilidades adiantadas pelo secretário, mas ainda em fase de análise, está mudança de sentido na General Osório (rua dos Correios e do Colégio Medianeira). Com isso, os coletivos que saem do terminal não entrariam mais à direita na Saldanha Marinho, mas na quadra anterior. A mudança, noticiada pelo SERRANOSSA em maio do ano passado, depende também da conclusão das obras com recursos do Programa de Aceleração do Crescimento 2 (PAC 2).
O município recentemente abriu licitação para o asfaltamento das ruas Vitória, Estefânia Pasquali Éder e Dom José Barea, um trecho de 960 metros que une o Centro aos bairros Cidade Alta e Botafogo e poderia servir de alternativa para uma nova rota do transporte coletivo. “Com o asfaltamento das ruas, ocorre uma natural alteração no fluxo de trânsito”, afirma o secretário.
Reportagem: Carina Furlanetto
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