• Vinícola Garibaldi
  • Naturepet Pharma
  • Envase

Projeto une turismo e memória afetiva em Bento Gonçalves

  • Envase
  • Vinícola Garibaldi
  • Naturepet Pharma
  • Posto Ravanello

A iniciativa busca levar turistas para conhecer uma das vilas ferroviárias da cidade e promover uma troca de conhecimentos entre público e moradores

Fotos: Arquivo pessoal

Valorizar as vilas ferroviárias de Bento Gonçalves e seus moradores é um dos objetivos de um recente projeto que une afetividade e cultura. Criado pela historiadora Sabrina Greselle, o Rolê Cultural busca também sair da rota de destinos mais tradicionais e levar o público a conhecer as trilhas e pontos históricos de São Luiz das Antas, uma das cinco vilas que ainda existem no interior do município. 

Para Sabrina, antes de tudo, o projeto tem uma importância afetiva, já que o local também faz parte da sua história. “Tanto a minha família paterna quanto materna é de lá, e eu acabo sendo descendente de ferroviário. O meu avô paterno trabalhou no 1° Batalhão e o meu avô materno trabalhou na Rede Ferroviária Federal”, afirma. O Rolê, que partiu da vontade da historiadora de pesquisar a fundo sobre o local e que até foi tema do seu Trabalho de Conclusão de Curso (TCC), tem como objetivo o resgate histórico, mas também pretende envolver a comunidade. “Ele busca desenvolver o turismo sustentável, cultural e de consciência que tenha uma participação ativa da comunidade, dos moradores locais nesse uso turístico do patrimônio histórico”, destaca. Ainda de acordo com ela, o projeto quer jogar luz a áreas que, no momento, são marginalizadas.

O passeio, que na visão de Sabrina “não é turismo por turismo”, consiste em conhecer pontos como a vila ferroviária em si, a ferrovia abandonada, a capela que foi construída pelo 1º Batalhão Ferroviário, além de um sítio de um dos moradores, onde os visitantes têm acesso a uma vista do Rio das Antas e podem desfrutar de um café colonial com iguarias produzidas pelos moradores.

Cada etapa do roteiro é acompanhada de uma aula sobre aquele espaço, na qual Sabrina e os próprios moradores que acompanham a visita contam curiosidades e falam sobre a relevância histórica do local. Para ela, essa é uma forma única de firmar laços. “É criar uma rede com os moradores locais para se montar um turismo comunitário, que não seja um turismo de massa e nem exploratório, mas a ideia de turismo de consciência, um turismo cultural, que valorize a cultura, que valorize a história do lugar e que tenha participação e retorno para os moradores locais”, pontua. 

A historiadora Angela Marini destaca a importância da chegada do antigo Batalhão Ferroviário e de suas vilas para o desenvolvimento do município. “Quando o Batalhão Ferroviário chega a Bento [1943], a cidade aumenta. É incrível ver como o batalhão faz com que a cidade cresça e faz com que a cidade mude o seu perfil. Passa de 100% agrícola para agrícola e mais um pouco. Consegue levar mercadoria para fora, a cidade consegue ser pensada de outro jeito e isso é bem importante como um todo. As vilas ferroviárias são um marco desse desenvolvimento”, diz Angela.

Identidade

Além de conhecer os lugares onde parte da história de Bento Gonçalves aconteceu, o Rolê Cultural busca atrair visitantes pela memória afetiva que os patrimônios culturais transmitem, principalmente se compartilhados em parceria com a população local. “Todo mundo [moradores] tem alguma memória sobre aqueles patrimônios, sobre as casas de turma, sobre a estação, sobre a ferrovia, com a escola e essas memórias fazem parte da identidade daquela pessoa, porque a nossa identidade também é formada por essas relações que a gente tem e isso cria um vínculo de pertencimento”, destaca Sabrina.

Após vivenciar a experiência de um dos passeios promovidos pelo Rolê Cultural, a professora de História Tatiane Spazzin classificou a atração como muito proveitosa, principalmente por dar espaço e voz para a população local. “Percebi uma comunidade envolvida e orgulhosa de sua Memória e História, elementos cruciais para a compreensão histórica da localidade. Sejam em aspectos naturais, arquitetônicos e culturais”, relata. 

A idealizadora da proposta explica que a formação da identidade é um dos diferenciais do Rolê, já que, ao visitar a vila, o turista estará pertencendo ao local e o local ao turista. “Quando a gente passa nos lugares, ou qualquer lugar que a gente visita, a gente carrega um pouco dele e aquele lugar vai ficar com um pouquinho da gente também. Então essas relações que os visitantes do Rolê Cultural têm com a população local vão agregar para os dois lados, vão causar na identidade do local e vão causar na identidade do visitante”, conclui a historiadora. A próxima edição do Rolê já está programada para ocorrer em breve. Mais informações para quem quiser participar podem ser obtidas no perfil do Instagram @histsabrina.