“Queremos provocar mudanças nas pessoas”

Levar o tema da luta contra o câncer para todos os segmentos da comunidade é uma das premissas da Liga de Combate ao Câncer de Bento Gonçalves. A entidade estima que, só em 2014, quase 52 mil pessoas assistiram palestras ou participaram de eventos e ações promovidas pela Liga. Em sua sede, 9.082 atendimentos foram realizados, graças a uma rede de voluntários e de uma equipe multidisciplinar sempre pronta a atender os pacientes e seus familiares em suas necessidades.

Esses números são motivos de orgulho para a presidente da Liga, Maria Lúcia Severa, que recentemente foi reconduzida ao cargo para assumir sua terceira gestão – são sete anos no posto e 20 como voluntária. No início deste mês, ela recebeu o troféu Mérito Lojista, distinção dada pela Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) ao projeto social que mais se destacou na cidade. Se o trabalho realizado até então tem sido muito elogiado na comunidade, os projetos futuros tendem a chamar ainda mais a atenção.

Em entrevista ao SERRANOSSA, Maria Lúcia confidenciou que a entidade trabalha não apenas para conscientizar e prevenir sobre o câncer, e sim em um projeto ousado: o de mudar os hábitos das pessoas. “Sabemos que nem todos vão gostar, mas queremos cuidar de todos, conscientizando na questão da alimentação, da atividade física, do comportamento. Grandes ações vêm por aí”, projeta a presidente.Confira a entrevista:


SERRANOSSA –A Liga lançou no ano passado o projeto “Eu cuido do que é meu”. O que vocês estão projetando para 2015 com essa iniciativa?

Maria Lúcia Severa – Desde 2009, apresentamos um programa de prevenção que aponta os principais fatores de risco, em que o tabagismo aparece no topo da lista – sendo responsável, inclusive, pelo câncer de mama. Então, sempre promovemos uma série de ações, palestras e orientações mostrando esses fatores que provocam o câncer, as formas de prevenção e também a importância do diagnóstico precoce. Mas a gente sentia a necessidade de um maior comprometimento das pessoas, que saíam das nossas palestras com conhecimento do tema, conhecedores de tudo, mas, e daí para frente? Por causa disso, lançamos o “Eu cuido do que é meu”, que quer mostrar a importância de cada um cuidar de si, mostrar que as pessoas são responsáveis pelos seus corpos e que o comportamento de cada um é determinante para ter uma longevidade com saúde.

SN – Mas de que forma vocês pretendem conscientizar as pessoas?

Maria – Ao longo deste ano, vamos intensificar as ações na comunidade, inclusive, indo até as casas noturnas, supermercados e demais empresas. Queremos mostrar claramente que o fumo é causador de diversos cânceres, que a composição de determinado alimento faz mal à saúde, abordar a questão dos agrotóxicos, enfim. Em abril e maio, vamos focar bastante a questão do tabagismo, inclusive, temos uma equipe de voluntários que vai trabalhar incansavelmente no tema. Depois vamos falar sobre outros hábitos que prejudicam a saúde. Você percebe o quanto este projeto é grandioso? Vamos falar de câncer, mas, ao mesmo tempo, estaremos prevenindo outras doenças. Afinal, uma vida mais saudável é garantia de qualidade de vida. Sabemos que é uma proposta ousada, mas é um grande desafio. A gente acredita que vai ter uma boa aceitação, especialmente porque teremos uma abordagem especial. Quem sabe no futuro o “cuidar do que é meu” não se transforme no cuidar do meu espaço, meu ambiente, das pessoas que estão ao meu redor? Enfim, o primeiro passo é cuidar de si mesmo.

SN – Atualmente, quantos pacientes estão em tratamento de câncer no município e que tipo de suporte a Liga oferece a essas pessoas?


Maria – Hoje, temos 380 pessoas com câncer, de todas as idades, que são atendidas pela Liga. Aqui, elas encontram um suporte completo: agendamos consultas, para exames e diagnósticos, damos o suporte necessário para tratamento, temos uma rede de profissionais na área da saúde que são fundamentais, como médicos, psicólogos, psiquiatras, fisioterapeutas, enfermeiros, fonoaudiólogos, nutricionistas, além de apoio do hospital e de laboratórios. Além disso, a Liga concede medicamentos, alimentação adequada, suplemento alimentar, cadeira de rodas, bengalas, bombas de oxigênio, aparelhos de eletrolaringe, estufas, perucas. Enfim, poderia ficar um bom tempo  elencando, mas posso afirmar que a Liga dá todo o suporte para quem está em tratamento contra o câncer de forma gratuita. O que também contribui muito para que todos sejam atendidos da melhor forma possível é a estrutura do nosso hospital: temos profissionais competentes, equipamentos de primeiro mundo, tecnologia de ponta. É um privilégio de ter um centro de oncologia como o Tacchini tem. 

SN – De que forma a Liga consegue tudo isso e como se mantém?

Maria – Voluntariado! Todos esses profissionais são voluntários e ainda temos uma boa parceria com o hospital, com laboratórios, profissionais da área da saúde, entre outros. Além deles, temos mais 51 pessoas que nos ajudam em ações, em palestras, na organização da Liga. A prefeitura nos cedeu três profissionais que trabalham aqui na sede. Também temos de forma gratuita assessoria contábil, jurídica, de comunicação e marketing. Para arrecadar fundos, também promovemos ações e eventos com a ajuda fiel e imprescindível da nossa força empresarial, que sempre nos abriu as portas e nos ajudou. Além disso, vendemos camisetas, artesanatos e há muitas pessoas que pedem de presente em aniversários, casamentos, e formaturas um valor simbólico para destinar à Liga. Ou seja, temos uma rede de voluntários e parceiros que seria quase impossível nomear a todos.  Somos muito gratos e felizes em poder contar com a ajuda de tanta gente. Certamente, ainda poderemos manter a Liga por muito tempo e ajudar as pessoas da melhor forma possível graças a essas pessoas.

 

Grupo de tabagismo projeta ações na cidade


Em ritmo da campanha de conscientização para o combate ao tabagismo, a Liga criou o “Grupo de Tabagismo”, composto por 13 participantes. São voluntários que organizarão palestras, eventos e ações de intervenção urbana. As atividades tiveram início no dia 15 de abril. Na oportunidade, eles puderam se apresentar e também conhecer os profissionais que integram a equipe multidisciplinar que faz parte da Liga. Os trabalhos são coordenados pela enfermeira voluntária Márcia Baldi, que conta com as especialidades da psicóloga Viviane Zini, da nutricionista Daniela Gava, do psiquiatra Aldo Migliavacca e de um educador físico sempre encaminhado pelo Serviço Social do Comércio (Sesc). Juntos, eles acompanham o grupo em encontros semanais, fornecendo orientações em suas áreas específicas.No total, são 16 encontros, sendo oito semanais, sempre nas quartas-feiras à tarde, e oito quinzenais, estes de manutenção. Ao todo, são seis meses de trabalho de conscientização com o grupo.

“Eles na Cozinha”já está sendo preparado

Antecipando informações sobre uma das maiores realizações da Liga, a presidente Maria Lúcia informa que o jantar Eles na Cozinha será no Pavilhão A do Parque de Eventos de Bento Gonçalves, com data programada para 29 de agosto. Muitas novidades estão sendo preparadas, devendo surpreender um público de mil pessoas. Além do aumento do número de espectadores, o evento também ampliará as cozinhas, chegando a 18 chefs. Ela também já está em contato com diversos profissionais para oferecer diferentes atrações na noite.

 

Reportagem: Raquel Konrad

 


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