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Relacionamentos líquidos

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Quando eu era criança, juntamente com meu primo, com quem hoje eu não tenho nenhum contato, achava o máximo uma brincadeira que um famoso empresário e apresentador de televisão, Senor Abravanel, o Sílvio Santos, fazia. A todos os seus entrevistados, ele perguntava: “Você é casado, solteiro ou tico-tico no fubá?”. Para nós, ser “tico-tico no fubá”, significava enrolado, “pegando”, o “crush”.

Desde então, as relações humanas se modificaram, adequaram-se aos costumes atuais. Tornou-se normal, o “tico-tico no fubá”. Mesmo solteiras, dificilmente as pessoas estão sozinhas, mesmo que tal “relacionamento” seja, em um primeiro momento, virtual. Zygmunt Bauman, sobre o assunto, cunhou, em sua obra “Amor Líquido”, a expressão “tempos líquidos”. Diz ele, nela, em síntese, que, em época de redes sociais e solidão, as relações, de qualquer natureza que sejam, duram o tempo em que tiverem que durar, as vezes em laços instantâneos, que se volatilizam ao mesmo tempo em que se iniciam. 

É comum ouvir das pessoas: ”… pois é, sabe a fulana, que eu estava saindo? Desapareceu, me bloqueou.”. Ou ainda, vê-se relações de anos se desmanchando por pequenas divergências que uma terapia, aliada à vontade, e despida de orgulho, resolveria. A verdade é que, seja pelo “tico-tico no fubá” cada vez mais frequente, seja pela liquidez das relações humanas, seja, ainda, pela facilidade em que as coisas se encontram, o que se tinha pelo verdadeiro sentimento, pelo interesse na construção de relações duradouras, se volatilizou. Não digo, e nem poderia, que isso não é bom; que isso está errado; que isso tem que mudar. Quem sou eu, né?!

Minha reflexão vai no sentido do que essa situação que estamos vivendo pode fazer com as relações. Encontros esporádicos, hoje, são arriscados. Não sabemos onde o vírus está. Assemelho essa situação ao que se viveu nos primórdios da disseminação do vírus da AIDS.

A diferença é que, naquela época, se achava que não se poderia nem beijar. Hoje não se pode mesmo… A conclusão que se chega, com isso, é que essa nova situação pode ter vindo, dentre outros aprendizados, para que, contrariando os conceitos de “Amor Líquido”, de Bauman, precisam ser solidificados, sob pena de se liquefazerem em definitivo, distanciando ainda mais as pessoas. E em todos os sentidos… Claro que, como já disse também, eu tenho a sorte de ter pessoas boas perto de mim, que comigo convivem desde a infância.

Tenho amigos das épocas de primário que até hoje a gente se encontra, regularmente. Tenho o mesmo sócio há 20 (vinte) anos. Isso sem contar a família, que, está sempre do meu lado, para o que der e vier. 

Não é o caso daquele meu primo, das risadas sobre o “tico-tico no fubá”. Esse a vida nos afastou. Não temos mais sequer contato. Mas o certo é que todos nós temos relações duradouras, em algum sentido. Há, sim, relacionamentos que não são líquidos, ainda hoje. 

Afinal, como diz o Cícero Rech, querido amigo, franqueado da RACON Consórcios em Bento Gonçalves: “As aves de mesma plumagem costumam voar juntas”. Essas permanecem ao nosso lado! Basta saber, então, qual é o tipo de relação que queremos, a partir de agora, desenvolver: essa, que dura às vezes “apenas um segundo”, parafraseando “Alice, no país das maravilhas”, ou uma relação sólida e duradoura, que persista às mazelas diárias e, até, evite as distâncias em períodos de quarentena? Pensemos nisso!

Até a próxima!

 

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