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TTT da superação: atletas de Bento relatam participação na Travessia Torres-Tramandaí

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Superação! Esta talvez seja a palavra que melhor defina a tradicional Travessia Torres-Tramandaí (TTT), realizada no último sábado, dia 30 de janeiro, no litoral gaúcho. Neste ano, os 81.240 quilômetros de areia da 12ª edição foram percorridos por cerca de três mil corredores, boa parte oriunda da Serra Gaúcha. A reportagem do SERRANOSSA acompanhou toda a prova e pode presenciar o empenho de cada atleta na busca pelo melhor resultado.

De Caxias do Sul e Bento Gonçalves, 13 competidores disputaram a Ultttra – Travessia Individual, sendo seis veteranos e sete estreantes, duas mulheres e 11 homens. Além disso, foram 28 duplas formadas de grupos de corrida e academias de Caxias, Bento e Nova Petrópolis: sete mistas, sete femininas e 14 masculinas. O número de quartetos e octetos da região não foi divulgado.

O que realmente importou, para a maioria dos atletas, foi completar a prova com dedicação, empenho e senso de equipe. Confira relatos de alguns bento-gonçalvenses que participaram da TTT 2016.

Primeira vez no solo, Arcari garantiu pódio

 

Em sua terceira participação na TTT, Rodrigo Arcari almejava correr os mais de 80km em dupla. No entanto, faltando seis meses para a prova, seu companheiro de equipe acabou desistindo de participar. Com tempo e estimulado a se superar, Arcari resolveu se inscrever para correr sozinho todo o percurso. “Alguns me chamaram de louco, outros disseram que eu não estava preparado. Mas eu queria fazer aquilo. Estava determinado. Tive somente o apoio de minha esposa, Viviane, e dos meus treinadores do All Win Grupo de Corrida, Rossano Ricalde e Jenifer Henicka. Eles acreditaram em mim e foi o que bastou”, afirma.

Arcari partiu do zero. “No início, meus treinos longos eram de apenas 5km ou 6km. Intensifiquei o reforço muscular na academia e tive o acompanhamento de nutricionistas. Mesmo com dois empregos e com três filhos, arranjava tempo para treinar. Não importava se fazia sol ou chuva, calor ou frio: eu treinava! E os treinos aumentavam progressivamente, até chegar a 90km semanais”, detalha.

O resultado de todo o esforço foi compensado no fim de semana. “Durante a prova, tive o apoio do amigo Fabiano Gatto, que percorreu de bicicleta todo o trajeto ao meu lado, me incentivando e me lembrando dos momentos de comer e de beber água. Corri bem até o km 60. Depois, comecei a sentir as pernas pesadas e os pés doloridos. Mas aguentei firme e pensei no quanto havia treinado para estar ali. E consegui finalizar o percurso em 7h34min (velocidade média de 10,8km/h)”, conta, com orgulho, o bento-gonçalvense que, com este tempo, garantiu o terceiro lugar na prova.

 

Oito amigos voando baixo

 

Comandado pelo experiente Sirlésio Carboni Jr., o octeto misto batizado de “Equipe Voando Baixo”, mostrou a força e empenho de cada um durante o trajeto. Além de Sirlésio, Diego Panazzolo, Suelen Spadari, Vanderlei Styburski, Wander Viel, Cristiano Grassiani, Felipe Belli e Diego Schardosim, intensificaram a preparação desde setembro de 2015, através de trocas de experiências de treinos e resultados de provas.

Quando o grande dia chegou, nublado e quente, mas sem vento e com a areia dura, os atletas puderam imprimir um ritmo mais forte durante todo trajeto. “A dedicação de cada um para fazer o seu melhor, dentro de seus limites, sempre pensando na equipe, foi essencial. Completamos os 81,5km com 5h30min26s, exatamente às 13h do sábado, e, a partir daquele momento, ficamos aguardando a divulgação do resultado final, que só aconteceu às 16h. Para nossa alegria, conquistamos o terceiro lugar entre os 123 octetos mistos, e fomos a 11ª equipe a cruzar a linha de chegada, dentre 584 equipes no total”, comemora Sirlésio. “A TTT é uma das maiores provas do Estado e participar dela sempre nos proporciona encontrar grandes amigos durante e após a competição. Que venha a próxima!”.

 

A paixão pela corrida uniu o quarteto feminino

 

Elas treinavam frequentemente juntas nas ruas de Bento Gonçalves, encontravam-se nas competições da região e dividiam a paixão pelos múltiplos benefícios que a corrida proporciona. Desta rotina intensa de treinos, nasceu a ideia do quarteto feminino para disputar a TTT: surge então a equipe “We Will Rock You”, composta por Morgana de Bortoli, Dalila Ticiani, Catia Scarton e Janete Gregio.

Treinos intensos, de dia e de noite, inclusive nos finais de semana, com chuva ou sol: a mulherada se empenhou durante meses. “Faltando um pouco mais de um mês para a TTT, nosso treino mudou. Simulávamos uma prova real. Corríamos duas vezes no mesmo dia. Percorríamos de 10km ou 15km, com intervalo de 1 hora, e saíamos novamente para mais 5km ou 10km. Cansativo? Sim! Mas quando temos parceria e foco, tudo se torna muito mais fácil”, diz Morgana.

O foco era concluir a TTT e aproveitar para se divertir. O objetivo principal era ficar entre as cinco melhores na categoria. “No dia da prova, tínhamos um misto de emoção, adrenalina, medo, prazer, vontade. Tudo junto, misturado na quantidade mais elevada que já pude sentir, pois foi minha primeira TTT e não poderia decepcionar meu quarteto, e tampouco a mim. Dei o meu máximo, todas deram”, acrescenta Morgana. “Cada uma fez seus dois trajetos com garra, força, determinação e entusiasmo. Porém, a TTT é muito mais difícil do que imaginávamos, desde o solo até o clima. Calor abafado, praias lotadas, beira do mar com areia mais dura, tênis molhados e, longe da beira do mar, a areia era muito fofa. Só quem participa de uma prova dessas vai entender o quão forte é um corredor de TTT”, conclui Morgana.

O pódio não veio, mas foi por muito pouco. O quarteto ficou na sexta colocação entre as 40 equipes participantes, o que, para as meninas, que tanto se empenharam, foi uma grande conquista.

 

Resultados melhores a cada edição

 

Participando pela terceira vez da Travessia, Mateus Mezzaroba teve como objetivo diminuir o tempo, superar os obstáculos e dar o melhor ao lado de sua equipe, o quarteto masculino que contava ainda com Alex Bueno, Alexandre Cervelin e Felipe Feistauer. No dia da prova, o calor intenso diminui o ritmo esperado, mas não a empolgação por participar de uma das maiores provas do Estado.

Para Mezzaroba, a superação pessoal ocorreu desde a primeira edição. “Em 2014, eu tinha acabado de perder 15 quilos através da corrida. Queria provar para mim mesmo que era capaz de suportar uma prova tão difícil como esta. Fiz 12km na equipe de octeto, com certa dificuldade”, relata. “Já na segunda participação, em 2015, percorri 16km com mais facilidade, também em octeto. Terminei meu trajeto e ainda corri ao lado do meu companheiro de equipe por mais seis quilômetros”, completa. Já na edição de 2016, pela primeira vez em quarteto, Mezzaroba completou os 19km em um tempo que considera excelente. “Fiz meus dois trechos em uma hora e meia. Para mim, que corro durante a semana, em meio à rotina de trabalho e faculdade, é um grande resultado. No ano que vem, quero encarar a TTT em dupla e superar mais este desafio”, finaliza.

 

Dupla mista ficou a três minutos do pódio

No final da corrida, um misto de alegria contrastava com a expressão de dor, diante de tanto esforço. Adriano Maffei percorreu cinco trechos, totalizando 47km, enquanto sua dupla, Gracieli Kronbauer, correu os 34km restantes. O resultado da prova apontou que, por apenas três minutos, a dupla não subiu ao pódio para receber o troféu. Eles ficaram na 7ª posição.

Em sua segunda participação na TTT, Maffei afirma que foi uma excelente prova, com participantes de nível muito bom e com tempo perfeito, embora as dificuldades sejam latentes ao correr na areia fofa e com um grande movimento de beira da praia. “Nossos treinamentos foram intensos. Fizemos horas e horas intercalando treinos com chuva, sol forte, ventos fortes, noites, mormaço, tudo para poder não ser pego de surpresa com uma temperatura que pudesse atrapalhar”, destaca.

No final, o que importou mesmo foi a união de todos as atletas de seu grupo de corrida, a Cia dos Cavalos, que já foca em outros objetivos. “Agora, viramos a chave para o dia 28 de fevereiro, quando vou correr os 50km de Corupá, uma das provas de montanhas mais difíceis do Brasil”, antecipa Maffei.  

Testando os limites na TTT

Mais do que percorrer os mais de 80km sozinho, Cassiano Arlindo Grando testou seus próprios limites no último fim de semana. Em sua primeira vez na TTT, sofreu com bolhas nos pés e com o cansaço. “Foi uma prova bem complicada, especialmente a partir do km 60, devido à areia. Os últimos 20km completei bem cansado. Fiquei muito feliz por terminar a prova sem lesão grave”, comemora. Para Grando, que não se considerada um corredor profissional, participar da TTT foi uma experiência única.  “Gosto de colocar meu corpo à prova e conhecer meus limites. Para essa corrida, foram quatro meses de treinos longos e preparação psicológica. O objetivo de completar todo o percurso foi cumprido. Que venham os novos desafios”.